15 de dezembro de 2008

Teoria dos caminhos relativos


Sei, o medo que eles tinham...
É o medo que eu tenho, mãe
Quero tocar os pingos
Que não caem no chão
Sei, o que pensam
E o que querem, mãe
Quero chegar mais alto,
Perto do chão

Posso guardar algumas balas e mísseis pra vocês?
Deixa ser, deixa viver, um céu de cinzas

Sei, aonde o vento
Faz a curva, mãe
Quero gritar mais alto
Ser ouvido, mãe
Sei, onde os porcos..
Voam alto, mãe
Quero tocar os sinos
Que nao tocam o chão

Posso guardar algumas balas e mísseis pra vocês?
Deixa ser, deixa viver, um céu de cinzas

(Hermann Quadros)

Conflitos por caridade


Só serve, se por caridade
A luz que brilha p'ra poucos
Brilhar p'ra muitos
A derrota pra todos não é obrigação

Só seve o que não estiver presente
E o que não se é jogado
P'ra cima da gente
Saber jogar, então, não é obrigação

Alucinação de seres, por homens que choram
Alucinação de seres, por homens que choram
Por muitos conflitos, p'ra pouca caridade
Por muitos conflitos, p'ra pouca caridade

Se serve se for importante
E que os mortos não palpitem
Muito menos escutem
Escutar baboseiras não é obrigação

Só serve, se por caridade
A luz dos teus olhos
Não bater com as dos meus
Nem deixar que isso se eleve p'ro lado obscuro

Alucinação de seres, por homens que choram
Alucinação de seres, por homens que choram
Por muitos conflitos, p'ra pouca caridade
Por muitos conflitos, p'ra pouca caridade

Se amor está em falta
Há uma vida em risco
Há mais cobras no paraíso
Do que maçãs...

(Hermann Quadros)

O nascer do olho


Não tenho medo
Estou à salvo dos invictos
Minha alma descansa imortal

Há um passo para o eterno
Não tenho medidas ou fronteiras
Eu sou um nada...
Muito mais do que tudo!

Não quero lutar
Nem quero que o mundo caia aos meus pés
Nem comparecer ao encontro dos dois olhos
Apenas entender o ventre do olhar

Por que as flores não caem p'ra cima?
Por que as rodas nao beijam o chão?
Um mundo perfeito
Um mundo quase sempre sem razão

Não tenho medo
O paraíso nao existe
A maça e a cobra são de mentira!

Ao sermos limitados
Acreditando em limites
Ao abrir os olhos, estaremos cegos!

Não quero lutar
Nem quero que o mundo caia aos meus pés
Nem comparecer ao encontro dos dois olhos
Apenas entender o ventre do olhar

Por que as flores não caem p'ra cima?
Por que as rodas nao beijam o chão?
Um mundo perfeito
Um mundo quase sempre sem razão

(Hermann Quadros)

O acendedor de lampiões


As luzes de Marte estão se desfazendo
E o brilho intenso de um poste se desfaz
Os dias são loucos e duram um minuto
Descansa aquele que acende lampiões
As luzes de Marte estão se esvaindo
E um pequenino desliza no espaço
O nascer do sol podemos ver várias vezes
O por-do-sol se exauri outras tantas

Pedacinhos de mar que se escondem no céu
Solidão difusa de asteróide esquecido
Pedacinhos de mar em algum ponto no deserto
Pedacinhos errantes, mas longe um divino

As luzes de Marte estão se acendendo
Retorna aquele que acende lampiões
O quarto planeta acorda novamente
Guerreiro está pronto p'ra lutar
As luzes de Marte estão se explodindo
Acorda aquele que acende uma guerra
Cabo-de-guerra tem deimos e fobos
Os vermes tem apenas um...

(Hermann Quadros)

Dos covardes aos heróis



Dos covardes aos heróis
Sou tripulante do além
Medalha no meu peito não contém
À milhas e milhas de alguém (pra não ter)
As portas de ninguém (pra se ouvir)

Sou o que o medo não retém
Coragem naufragada com um navio
Do sorriso desenhado no bombardeio
Às asas flutuantes de um pombo à vapor

Os dias me pegam pelo avesso
Procurando entrada ou saída

Vivo dos conflitos e dos milagres
Sou das triste poesia
Sou... dos covardes aos herois
Sou... dos covardes aos herois

Sou tripulante do além
Drama lembrado eternidade à fora
Momentos de chuva caindo no telhado
Corrida de barco de papel

Um grito de discórdia que apareceu pelo éden
Esquecido na escuridão da missa dos condenados
Na fantástica viajem no carrossel
Na procura do eu desconhecido

Os noites me pegam pelo deserto
Cairia do cavalo à galope


(Hermann Quadros)

O relógio de 4 ponteiros


Quatro ponteiros eu quero ter
Andar pra onde eu queira ir
Colher os verbos que já plantei
Voar por onde eu quis andar
Quero ser livre quando o sol nascer
Quero estar livre quando o sol se pôr
Viajar por onde recolher roupas é hobby
Viajar por onde eu não passei

Quero estar bem longe de onde olhos podem ver
Quero estar bem longe de onde olhos podem ter
Quero ser aquele que um dia viu chorar
Quero ser aquele que um dia viu narcer
Quero ter p'ra sempre pés fora do chão
Quero ter p'ra sempre pés fora do chão
Quero ter, um dia, pés um tanto leves
Quero ter, um dia, pés...

Quatro ponteiros eu tenho no pulso
Relógios de areia e um destino incerto
Estar em paz quando os dragões vierem
Ser livre e ser dos pirados anônimos
Quero ser, um dia, dos pirados anônimos
Quero ser, um dia, dos pirados anônimos
Estar em paz quando o verão se for
Estar em paz quando o inverno chegar
Abra de sésamo as asas de um beija-flor
Abra de sésamo as asas de um pombo correio
Em silêncio...
Em silêncio...

Quero estar bem longe de onde olhos podem ver
Quero estar bem longe de onde olhos podem ter
Quero ser aquele que um dia viu chorar
Quero ser aquele que um dia viu narcer
Quero ter p'ra sempre pés fora do chão
Quero ter p'ra sempre pés fora do chão
Quero ter, um dia, pés um tanto leves
Quero ter, um dia, pés...

(Hermann Quadros)

O Funileiro


Eu sou o funileiro
Fácil de ser entendido
Detenho a liberdade
Faço jus a minha altura
Eu sou a proteção
E todos morrem aos meus pés
Meu nome está escrito
Sob céu azul, vermelho sangue

Eu sou a vergonha de 61
Eu sou o que os Deus chamam de triste
De braços abertos e argila
Feito da mais pura arrogância

Eu sou o funileiro
Fabricante de folha-de-flandres
Eu sou coração de pedra
Divisão de universos
Eu sou um infame
De baixo preço e sem nobreza
Capacidade desordenada

Eu sou o alívio de 89
Eu sou o que a desonra chama de abismo
De braços abertos e argila
Feito da mais pura arrogância

(Hermann Quadros)

14 de dezembro de 2008

Despedindo-se na carruagens encantada


Ei, você, me despeço mais uma vez
Por favor, deixe-me partir
Esqueça a farda...e não enterre o brio
Esconda o rosto e nao veja os meus olhos

Eu voltarei antes do amanhecer
Eu voltarei antes do amanhecer
Eu voltarei antes do amanhecer

Água nascente de grandes flores colorias
Viajo em ti, sou um mórbido de ódio
Triste calmaria, eu afogaria no tempo
Ei, você, por favor, não me esqueça

É tão difícil... dizer adeus
É tão difícil... dizer adeus
É tão difícil... dizer adeus
Mesmo não sabendo a quem dizer

(Hermann Quadros)

A cantiga dos moinhos de guerra - Parte 2


Alguém, aqui, já ouviu falar em liberdade?
Alguém, aqui, já ouviu falar em liberdade?
Alguém, aqui, já ouviu falar em liberdade?

Alguém... além das portas do terror e muros eternos?
Alguém... além das ruas desertas e estradas sem fim?
Alguém... além dos sete pecados e caminhos do céu
Já ouviu falar em liberdade?

Liberdade aos quase livres e sem fronteiras
Queda de muros e cobras no julgamento
Identidade aos vermes inúteis pagãos
Luz à um céu não mai azul

Alguém... já viu escrever liberdade?
Alguém... já viu em algum moinho liberdade?
Alguém... já viu em algum varal liberdade?
Já ouviu falar em portas?

Alguém, aqui, já ouviu falar em liberdade?
Alguém, aqui, já ouviu falar em liberdade?
Alguém, aqui, já ouviu falar em liberdade?

(Hermann Quadros)

A cantiga dos moinhos de guerra - Parte 1


Nesta canção as noites duram mais...
Nesta canção os dias morrem mais...
Nesta canção as dores vivem mais...
Nesta canção as mortes tocam mais...
Nesta canção os olhos choram mais...
Nesta canção os Deuses se comovem mais...
Esta canção...
É a cantiga dos moinhos de guerra!

Sabe quando as bombas caem? E o medo?
Sabe quando? Sabe onde cai a neve?
Sabe brincar como brincam os vermes?
Sei das nuvens que lastimam...

Sei dos olhos, sei das fontes de pensamento
Sei das águas, sei das chuvas de diamante
"Aquele que faz de si animal...
...se livra da dor de ser homem"

Criança chora baixinho com medo de escuro!
Criança chora baixinho com medo de escuro!
Alguém, aqui, já ouviu falar em liberdade?

(Hermann Quadros)

13 de dezembro de 2008

Vila dos Anjos


Ei, Dona Edy, lembra das bombas?
Invadindo as casas, deixando as flores no chão
Ei, Dona Edy, lembra dos verdes?
Faça-me rir e talvez verá... o gueto paraíso!
Ei, Dona Edy, lembra das trilhas?
Senhora locomotiva, ...não ande nos trilhos!
Reflita tudo que lembraste
Deixe impunidades sobre a mesa
Chove estrelas do mal
Envie triângulos pelo espaço

Eu não queria dizer, mas... onde estão os heróis?
Onde estão os heróis?
Onde estão os heróis?

Ei, Dona Edy, recorde dos olhos
Lastimar-me-ei as perdas por engano... lamentar
Ei, Dona Edy, lembra dos tristes?
Já sabem clamar em nome de teu Deus... em vão
Ei, Dona Edy, transpareça o que pensa
Sabe opinar da "extensão política" com palavras precisas?

-Lembro dos grandes contrastes
Dos olhos chorosos e veias abertas
Lembro dos tijolos erguidos
Das armas eufóricas, jardins de pedra

Eu não queria dizer, mas... onde estão os heróis?
Onde estão os heróis?
Onde estão os heróis?

Lembro das flores entristecidas
Vasos quebrados, fardas malditas
Lembro de um céu azul e outro estrelado
Lembro que um dia já foi negro

Eu não queria dizer, mas... onde estão os heróis?
Onde estão os heróis?
Onde estão os heróis?

(Hermann Quadros)

12 de dezembro de 2008

22 de dezembro


Não tenho sentidos
Nem sei se posso tê-los
Quero uma lágrima...

Por favor, me acolhe
Ainda tenho forças
Fiz uma canção
22 de dezembro

Choveu um pouco
Lavou a minha alma
Tenho tanto medo
Tenho medo demais

Por ser feliz e nada mais
Por ser feliz e nada mais

Deixei as lágrimas lá fora
Aprendi a andar com as próprias pernas
Pela frente há tanto mundo
Vou deixar muito mais pra trás

Segui as ondas
Naveguei as mágoas
Enfrentarei o medo
Serei capaz de enfrentar

Por ser feliz e nada mais
Por ser feliz e nada mais

(Hermann Quadros)

Sono Profundo


Tenho medo do escuro
Tenho medo do mundo
Não apague a luz
Tenho medo do escuro

As luzes voltam cedo
A palavra vem mais tarde
Os olhos esqueceram
Tenho medo do escuro

Fontes que um dia me saudaram
Estradas que um dia deixei pra trás
Fonte que um dia matei a cede
Estradas que um dia me deram vida

Oh, sol da meida noite
Oh, veneno que paira no céu
Oh, lua obscura
Deste lado um deserto

Oh, menino solitário
Regue as acácias do verão
Conte a dor que lhe faz sofrer
De um espinho ao ser rival

Fontes que um dia me saudaram
Estradas que um dia deixei pra trás
Fonte que um dia matei a cede
Estradas que um dia me deram vida

(Hermann Quadros)

Quando porcos voam


Chove... eu ando mesmo pela rua
Desagua noite, um sol poente
Transpareço, então, pelas núvens

Vivo... eu vivo mesmo sem destino
Eu vivencio exército maldito
Transpor o ódio em louvor

Devo ser de um país distante
Devo ser de um país distante

Vento...quando leva um balão
Trafega vidas pelo espaço
Esquece outras pelo chão

Glória... quando porcos voam baixo
Quando bate um coração-relogio
Quando a mágica os transforma

E que as paredes caiam
E derrubem consigo todo o teto
Que a porta fique ao meu lado
E as areias fiquem transparentes
"Uma rosa e três vulções pelo joelho
Um deles extinto para sempre"...

(Hermann Quadros)

Garotos para sempre


Deixem os garotos brincarem
Não ensine-os idioma de idiotas
Deixem os garotos sonharem
Triste aqueles, os "velhos de bengala"

Deixem os garotos brincarem
"Tragam os rapazes de volta"
Suas mágoas: as palavras do teu erro
Com perfeição e ódio a si mesmo

Vai ver que você pensa
Que eu não sou o teu garoto
Vai ver que o mundo gira por você
Vai ver que você pensa
Que eu não estou (só pra loucos)
Vai ver que quando olha não me vê

Deixem os garotos brincarem
Não ensine-os idioma de idiotas
Com a verdade contada em mentiras
Com histórias que contam muito mais histórias...

(Hermann Quadros)

Anjos e Demônios


Pra onde vão os anjos e demônios?
De que é feito o amor?
Arcos de engano, palavras do meu eu
Amor, te dou amor
Se é simples, por bem, ser triste
Deuses de um pecado louco
Pecadores de um paraíso
Com mil pecados
A serem perdoados

Pra onde vão os anjos e demônios?
Os cavaleiros da corte? E donzelas em perigo?

Tarde demais pra perceber
Que os melhores morrem cedo
Tarde demais pra perceber
Que os melhores morrem cedo
Nascem de novo...

Estando em paz, os demônios são anjos
Estando em paz, os demônios são anjos
Iguais à nós... sobraram poucos
Iguais à nós... poucos sobrarão.

(Hermann Quadros)

Toda Noite


Passam dias e semanas
Tudo está em seu mesmo lugar
E a rotina da minha vida
Já está me dexando mal

Toda noite...

Acho que não prossigo
Se o peso estás no meu ombro
E na cabeça o delírio
Se o medo estás ao meu alcance

Toda noite...

Alguém do infinito
Alguém que não sou
Que seja bem vindo
Alguém que errou

Toda noite...

Granitos pintados à mão
Flores que nascem da noite
Rosas que falam inverno
Gritos que ecoam da noite

Flor da noite
Toda noite...

(Hermann Quadros / Sterffeson)

Amor Idílico - Parte 2


Não, não tenho palavras
Os olhos veriam simples
Ao final da frase seria inverno
Mas dentro de nós acerta-se um relógio
De fronteiras...
De um peito quase livre
Será a medalha tua prisão perpétua?

Ao que parece recindir
Tudo haver como quem não quer
Atitude quer se demolir
Bang-bang contra a minha fé
Ao que parece recindir
De cometas e estrelas imparciais
Revivem os novos moinhos
Em voz tão alta, doce, leve...

Os olhos não dizem nada
Olhares confessam idílio
As lágrimas escorrem p'ro mar
Serão as lágrimas de triste ou de alegria?
Aonde nascem os rios...
Dos campos de plumas do Éden?
Serão os campos de poesia campestre?

(Hermann Quadros)

Só para loucos


Eu tenho os meus caminhos
Você tem os seus
Eu tenho os meus caminhos
Você tem os seus do lado oposto
E os nossos caminhos
Não são iguais aos dos outros...
Eu tenho os meus caminhos
Você tem os seus
Eu tenho os meus caminhos
Você tem os seus do lado oposto
E os nossos caminhos
São caminhos para loucos

Não vivemos ao sol do amanhã
As estradas são opostas,
O caminhos está correto

Longe dos olhos de quem ver
A cidade que amanhece ao por do sol
Longe dos olhos de quem ver
A cidade...
E a gente continua andando quebrando portas e janelas
E a gente continua andando quebrando portas e janelas

Viajamos dentro de nós mesmos
Viajamos dentro de nós mesmos
Sem tristeza a depor

Eu tenho o meu caminho
Você tem o seu...

(Hermann Quadros)

Amor Idílico - Parte 1



Os outros não revelam
Que se constroi amor com muita paz
O que ganhou, o que perdeu
Consiguirás, você é capaz
Amor, então, verá teu ódio
Sentirei pena, então, do amor
Ele não virá...
Se é meu o amor é triste o amor
Se sou calmo, ele é
Valente eu sou
Se tenho medo, ou se o medo é que me tens


Ao que parece recindir
Tudo haver como quem não quer
Atitude quer se demolir
Bang-bang contra a minha fé
Ao que parece recindir
De cometas e estrelas imparciais
Revivem os novos moinhos
Em voz tão alta, doce, leve...


Isso aí no teu rosto
É uma lágrima verdadeira
Que se ganhou, ou se chorou
Então verás, chegerá muito mais
Se as águas são suas, os rios são seus
A ponte é que passa por cima de mim
Pobre de mim...
Se o medo é seu, o medo então é nosso!


(Hermann Quadros)